sábado, 15 de agosto de 2015

Fogo na Tv: Os maiores incêndios que consumiram a nossa memória televisiva.

Em seus mais de 60 anos de existência, a tv brasileira passou por diversos percalços até chegar a se tornar os grandes conglomerados de mídia de hoje. E em seus primeiros anos de atividade, os incêndios foram as grandes causas que assolaram a memória desse poderoso veículo de comunicação.

Só a TV Record passou por esta situação 7 vezes. O primeiro foi em 1960, o segundo em 1966; o terceiro 1968; o quarto e o quinto em 1969 (Teatro Record e Teatro Paramount); o sexto em 1981 (Torre do Ed. Grande Avenida) e o último em 1992. Entre os arquivos perdidos, estão grandes momentos musicais que fizeram parte da época de ouro da emissora, além de registros raros da inauguração em 1953 e os seus primeiros sucessos no ramo da dramaturgia. O Jornal da Tarde chegou até a fazer piada com o ocorrido onde em uma de suas manchetes publicadas na década de 60 ironicamente dizia: “Está no ar mais um incêndio da Tv Record ”.

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A apresentadora Hebe Camargo ajudando na retirada de equipamentos no incêndio na sede da Record em 1966.  Foto: Acervo Estadão



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Incêndio Teatro Record 1969, local da grande linha de shows da emissora  Foto: Portal R7


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Incêndio Edifício Grande Avenida, onde se localizava a torre da TV Record- 1981


A TV Cultura  em seus 45 anos de existência teve de enfrentar 4 incêndios, sendo 3 deles entre os anos de 1964 e 65, e o mais recente em 1986. Neste último, a emissora  teve que amargar a perda de 90% dos seus equipamentos arrebatando um prejuízo de 10 milhões de dólares. A destruição foi tanta que, em uma medida emergencial, o velho transmissor da TV Tupi foi reativado para dar suporte às transmissões da estatal tv paulista.


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              Incêndio da TV Cultura ocorrido em 1986. Foto: Reprodução TV Cultura


A Globo em seus primórdios também teve boa parte do seu passado televisivo chamuscado. Um atentado ocorrido no ano de 1969  em virtude da explosão de um frasco deixado atrás de um cenário, causou um incêndio que deixou o saldo negativo de 4 milhões de cruzeiros perdidos, consumidos em inúmeras fitas que continha as primeiras produções da emissora. Em 1971, o fogo volta a se alastrar pela emissora no estúdio A, localizado na Rua Von Martius, onde no dia era realizado o programa do apresentador e cantor Moacir Franco. As chamas voltariam a aterrorizar as dependências da ex- platinada em 1976, ocasionadas pela explosão de um dos computadores de programação da sala de controle-mestre, considerado na época um dos mais sofisticados da América Latina. Esse em maiores proporções, destruiu diversos estúdios e cerca de 800 fitas de arquivos.

  
            Incêndio Globo 1971 Foto: Memória Globo

Funcionários no esforço de salvar as fitas - Incêndio Globo 1976 Foto: Memória Globo


O fogo também não teve dó ao deixar suas marcas nos estúdios da Tv Excelsior (1966, 1969 e 1970). A Rede Bandeirantes também não foi poupada, onde em 1969 teve um dos maiores prejuízos em se tratando de uma estação de tv. Curiosamente um dia antes, a tv do Morumbi teria recebido uma ligação anônima avisando do tal atentado. Os incêndios que também afetaram a Globo e a Record em 69, tiveram sua autoria supostamente atrelada aos grupos de esquerda da época. Os guerrilheiros acusavam as emissoras de distorcer os fatos sobre o regime militar e como boicote, as prejudicavam com os ataques.

A pioneira TV Tupi, foi a emissora que pouco sofreu com a maldição dos incêndios, com casos onde se registrou esse tipo de incidente nos anos de 1972 e 1978.


Incêndio da Tv Excelsior - 1966 Foto: Portal R7


Há quem diga que as verdadeiras causas dos trágicos incêndios se deu principalmente pela falta de estrutura na época das emissoras e pela não preocupação das mesmas em preservar seus arquivos. Em meio a mortos e feridos,  as tvs se beneficiaram do dinheiro do seguro e se modernizaram. E lamentavelmente  nós aqui do futuro, jamais teremos conhecimento de materiais que nos reveleriam em  fitas magnéticas  os primórdios da nossa televisão.


Por Rogério Ferreira.